quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

DA LUA AO CHÃO

olhos postos na lua
passeava sonhos fabulosos
viagens intergalácticas
suaves voos de pássaro
braços de bem-amada
a inteiro envolver-me
num acalanto sem par.

súbito, os olhos me vão
da lua ao chão.
o pé direito
tenho-o imerso
em ignorada substância
de amarelo aspecto.

pisei (n)o cocô!
pisei (n)o cocô
e não sei que fazer
água por perto não vejo
não vejo pano ou sabão
com que me possa limpar.

pisei (n)o cocô
enquanto sonhava
pisei (n)o cocô
e estava descalço
pisei (n)o cocô
e não sei que fazer.

amiga, me diga:
amputo este pé
ou pisando (n)a merda
aprendo a viver?

P.S.: os parênteses vão para os puritanos patrulheiros do idioma; o poema, para os coiotes (nome do grupo literário dos tempos da faculdade).
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