sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

RIMA POBRE

nada
no poema
da palavra habilitada
a rimar

seja o que flor
amor ou dor
lançar fora do poema
por favor

rimar em al
por exemplo
é mal banal

original
é fazer o al
do canivete
mais que o do punhal
soar igual
substantival
a outro al
que ecoa
na pessoa boa
magoa
e é fatal
-


salve salve
o brasil capoeira
que negaceia 
entre
eficiência e beleza.
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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

SILÊNCIO

tantas são as confissões a fazer
tantos por dizer assediam
que muito aborrece a profusão
do inchado de palavras e sentidos
cultua o profanado
silencia
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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

SONHO DANTESCO

num trenó tracionado por renas voadoras
uma mula sem cabeça
veio enjaular 
o saci-pererê e o curupira
hércules-quasímodos
de um brasil multilado
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TEMPO

tempo para o trabalho
trabalho para o dinheiro
dinheiro para o trabalho
trabalho para o tempo
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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017


oferecer a outra face
antes de tornar o ofendido melhor que o ofensor
prova é que
não se cumpriu a ofensa
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cidades são corpos
tatuados ou não
de cuja ansiedade
sótão e porão
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SOBRE NOMES

Aggio, Rigo, Turpin, Cury, Tomiazo, Guirar, Schmidt, Boechat, Boa Ventura, Ibarra e um Souza, eis os sobrenomes de uma página brasileira do face em cujo diálogo entrei por acaso. No texto principal, motivador das postagens, tecia-se um discurso-leitura da situação política brasileira e, segundo os frequentadores do autor e, provavelmente, o próprio autor, o texto pretendia-se irônico. Não captei a ironia, evidente talvez para os frequentadores da página. Depois de ter sido alvo de uma ironia, escrevi "captei as ironias". Fui amado pela resposta. Estava no jogo. Mas incomodado com a situação, postei: "Um comentário sobre a ironia. É uma figura de pensamento que mais depende do modo como o texto foi elaborado e do momento de sua recepção do que das intenções do autor. Trata-se de um efeito de sentido alcançado toda vez que o conteúdo captado no enunciado entra em relação com outro conteúdo, que lhe é contrário ou contraditório, atribuído à enunciação (ato de dizer). Para que esse efeito de sentido seja captado, é preciso então que os dois conteúdos estejam explicitados no enunciado: um como enunciado propriamente dito e outro como enunciação enunciada. Por exemplo, há ironia no dizer "captei as ironias" quando o texto no qual se diz ter captado as ironias não logrou dar forma à ironia." Não sei se os da página captaram a ironia, mas podemos ver que os sobrenomes ainda dividem o Brasil. Às vezes, as coisas se misturam um pouquinho e pinta  um Szasz entre os da senzala ou um Silva entre os da casa-grande.
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SER E ESTAR

ser é estar no templo
do tempo
estar é ser no paço
do epaço
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