domingo, 30 de dezembro de 2012

MULHER (Ema Bessar Viana)

Sem razão aparente, é a mercê
Da evidência do existir você
Que me leva, sei e não sei por quê,
Ao sabor de saber valer viver.

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sábado, 6 de outubro de 2012

A SEMIÓTICA ENTRE A SENSAÇÃO E A INTELECÇÃO

A semiótica, na versão tensiva de Zilberberg (a meu ver, complementar à semiótica clássica), retoma Merleau-Ponty, presente já no Semântica Estrutural de Greimas, e articula Cassirer, Deleuze e Valéry para desenvolver uma mínima iteligibilidade do sensível. Da Imperfeição e Semiótica das paixões, ambos livros do mestre lituano, vão no mesmo "sentido". Todos tentam critérios mínimos para compreender as condições de possibilidade do sentido, a partir do sensível, ou investigam o sentido do sentido, como é comum se dizer entre os semioticistas. Pensar o sentido nas suas nascentes é tentar traduzir o sensível em inteligível: tarefa sempre inacabada ou por começar. Fora desta ilusão de "cientificidade", entendida como projeto de conhecimento, há o vivido, isto é, as fricções, os atritos entre a carne-mente-espírito do homem e a carne-mente-espírito do mundo. O intelecto descontinuíza e estabiliza para organizar o inorganizável e a sensibildiade desestabiliza e continuíza  para desorganizar o organizado... Não tem fim... Estamos condenados a fazer sentido, mesmo que seja pela negação dele, e toda a liberdade possível acontece condicionada pelo sentido já feito e abre-se para o ainda por fazer.

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terça-feira, 7 de agosto de 2012

NEGUIM ADOTA NEGÃO ou O MENINO É PAI DO HOMEM

Para Pedro Arthur e Garcia
Pode a carne até não ter
E seu sangue assimilado
Dou fé entanto parecer
Raras vezes alcançado
O filho com o pai porque
Herdeiro sem ter herdado

Não nega neguim negão
Nem negão nega neguim

Com idêntica energia
Assim tão aparentado
Genoma nenhum faria
Se no pai do filho dado
O filho já não dado ia
Concebido no esperado

Não nega neguim negão
Nem negão nega neguim

Negará neguim negão?
Neguim negão nega não
Pois neguim negão será
E negão, neguim gagá



quinta-feira, 17 de maio de 2012

MACHADO ROSA CUNHA (Ema Bessar Viana)

o criança literatura rosa
e machado o velho dela prosa
o ser tão tão de dentro rosa cunha
e euclides o de fora testemunha

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