sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O GATO (Ema Bessar Viana)

Indiferente

O gato
Melisma o silêncio
Reticencia o tempo
Agudiza o abismo
No mover-se

Indiferente

Seu olhar
Ri sinistro
Do estarmos
Entupidos de nada
E bastante comovidos

Indiferente

Seu dorso
Eriçado
Esfingia-se
Dócil e agressivo
Mas ainda

Indiferente

Seu rabo
Perscrutante
Conecta
Suprarrealidades
De borboleta e colibri

Indiferente

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7 comentários:

  1. Legal, Tércia e Daniel. Se agradou a vocês, é um excelente sinal.
    Tércia, seus gatos estão no poema.

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  2. E dizem que a indiferença não significa nada!

    Não sabia deste espaço e fico muito feliz em descobri-lo!

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  3. Deve ser por tanto dizer a indiferença, que não suporto gatos. Exceto esse, que agora aprendi a ler. Muito interessante de sentir e, por que não, pensar?! Ah, sutil in-diferença! Valeu.

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  4. No gato, o que vemos como indiferença, talvez não passe de auto-proteção. Vai ver não tem
    - como o cão - estrutura emocional pra suportar a empáfia dos homens. O olhar é "sinistro" porque parece estar sempre dizendo: "eu pelo menos enterro meu cocô, e não estou disposto a dar uma só das minhas sete vidas a um reizinho de merda como você".

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  5. A cada verso um efeito estilístico diferente!

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