terça-feira, 27 de junho de 2023

A PODA DO LIMOEIRO

Ouça aqui bem, meu amigo,
O que lhe tenho a contar.
O meu limoeiro antigo
Cedo cuidei de podar.

A tesoura então eu peguei
Para os seus galhos cortar
E estranha coisa topei.
Passo agora a relatar.

Veja, meu amigo, você
Pode até não acreditar.
Era tamanho GG
Do design nem vou falar.

Cerzida em tecido rosa
Com o verde a contrastar
Coisa mesmo curiosa
Para num limoeiro estar.

Ei-la diante de mim
Se me dando ao olhar.
Tomou-me a dúvida assim:
"Devo pegar, não pegar?"

Nas mãos agora eu tinha
Algo para matutar.
Como é que uma calcinha
Vai num limoeiro parar?

Pertenceria à vizinha
Dona do segundo andar
Ou à francesa que vinha
Em Fortaleza estudar?

De qual delas duas não sei
Com certeza precisar.
Sei que oferecida a achei
No limoeiro a se dar.

Assumo entanto que mais
E vou a você confessar
A mim muito mais me apraz
Calcinha a cueca encontrar.

Fértil minha cabecinha
Deu então de cogitar
Com muitos pés de calcinha
Um generoso pomar.

Resumo enfim o roteiro:
Absorto a imaginar
Fiquei o meu limoeiro
Esquecido de podar.

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