segunda-feira, 29 de junho de 2020


Há algum tempo, calava-me diante de argumentos a favor de aulas semi-presenciais, um meio que ensino à distância, ou quase. Diziam-me que, com o avanço da tecnologia, muito do que se fazia em sala presencialmente poderia ser substituído, com vantagem, por atividades on-line. Era o futuro. Vi-me na iminência de dar razão aos que denunciavam a obsolescência do estilo de aula tradicional. A pandemia chegou e nos isolou. No entanto, deu-me a entender que ter silenciado perante aqueles argumentos não foi boa opção pois nada é comparável a uma aula com corpo e alma presentes. Quando t(r)ocada com amor, aula é uma espécie de ritual sagrado, de dádiva adventícia na sua irrepetibilidade. Os vocacionados se preparam para ela desde dentro e para sempre. Curtem a espera, o encontro, o ler-se mutuamente a presença em muitos níveis. Gostam de partilhar o mesmo espaço físico, de vê-lo preenchido com a vida múltipla e variada em ação. Aula é um encontro sem igual que prepara conservando a nossa humanidade. Sou hoje defensor ferrenho desse encontro sagrado em que se celebram o saber sentir e o sentir saber.
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