E o presente desta dor?
É a ausência que clama, mor,
Este espaço pretende acolher a maior diversidade de texto possível (verbal, pictórico, musical... ou híbrido de linguagens) para fruição e posterior reflexão. Aqui, o texto será semiotizado, num percurso que vai da substância à forma, da expressão ao conteúdo, e vice-versa. Este é um lugar de exercício para a habilidade textualizante humana e para o debate de questões atinentes à produção e à interpretação do sentido.
Eis-nos aqui, a sua descendência, diante da "falta que ama" a adensar-se pouco a pouco numa espécie de conta-gotas invertido a preencher-nos de mais falta a cada nova lágrima vertida. Eis-nos, a sua descendência, diante da falta do para onde ir, da falta colo matricial, da falta regaço absoluto, sempre à disposição e eternamente acolhedor. Eis-nos aqui diante da falta mãe.
Para mim, não há mais o distrair-se do desamparo a não ser na companhia de Jesus e Deus com Nossa Senhora passando à frente, como minha mãezinha recomendava nas despedidas. Partiu a mãe de um menino em cujas orações pueris estava, mais do que o pedido, a súplica para partir antes. Um caso edipiano clássico, eu sei. Mas minha Jocasta morreu e eu não me tornei cego. Então, porque ainda vejo, e agora mais complexamente do que via quando menino, sigo, muito menos sabido e um tiquinho mais sábio, com Jesus, Deus e Nossa Senhora à frente, sob os cuidados de minha mãezinha. E em sua honra e em seu louvor, hei de viver.
Falo não só em meu nome, Dona Ivone, mas no de suas filhas, de seus netos e netas, de seu bisneto. No final, amada e nobre matriarca, tudo há de ser mesmo muito bom para quem concedeu-nos a dádiva da vida. Os seus seguiremos com o exemplo de amor, dedicação e força que a senhora sempre foi. Ficaremos para preservar sua memória no “mais que humano em nós”. Obrigados, nobre senhora, muitos obrigados.
Segue o poema de dia das mães inspirado sobretudo na senhora, mãe.